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Alfabetização Brasileira em Alerta: Cerca de 7,5% dos Alunos Não Sabem Escrever o Próprio Nome
Pesquisa realizada pelo Equidade.info revela dados inéditos sobre como anda processo de leitura e escrita de estudantes brasileiros dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Escrito por Felipe Soares
12:00 - 25 de Outubro de 2024

Fonte: Yan Krukau
A alfabetização é um dos processos mais importantes da vida de uma criança devido ao seu papel fundamental para compreensão e expressão do ser humano. Em virtude disso, a discussão deste tópico é essencial para o desenvolvimento de discentes agentes de mudanças em suas comunidades. Uma pesquisa exclusiva realizada em setembro de 2023 pelo Equidade.info nos estados do Mato Grosso do Sul, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul revelou como se encontra as nuances da alfabetização e os seus impactos na autoconfiança de estudantes brasileiros dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Hoje conheceremos a história de Valentina, uma estudante de baixa renda do estado do Rio Grande do Norte na região Nordeste do Brasil, que está no 4o ano do Ensino Fundamental. Apesar de gostar de escrever, Valentina anda enfrentando algumas dificuldades em sua comunicação oral e escrita, o que tem gerando diversas inseguranças na sua participação em sala de aula. Uma semana anterior aos Dia das Mães, o professor de Valentina passou como dever de casa, uma atividade que encorajava os estudantes a escreverem uma mensagem de carinho para suas mães. Valentina enfrentou diversos desafios para a realização desta tarefa, pois além das suas dificuldades pessoais, não conseguia pedir ajuda aos seus pais pois ambos são analfabetos. Por conta disso, a estudante acabou não conseguindo concluir a atividade proposta.
Segundo os dados do Equidade.info, 7,5% dos estudantes brasileiros dos anos iniciais do Ensino Fundamental não sabem escrever seu próprio nome. Nas escolas públicas, essa cifra é de 8,8% dos alunos – mais de 6 vezes aquela nas escolas privadas (1,4%).
No início de 2023, o Ministério da Educação definiu que estar alfabetizado ao final do 2o ano do Ensino Fundamental é equivalente a saber ler uma tirinha ou escrever uma cartinha ou um bilhete. Nos dados do Equidade.info, 27,6% dos estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental admitem que não conseguem escrever uma cartinha ou um bilhete para um amigo ou para sua família. Entre os estudantes de escolas públicas, esse número é 30,8%; já nas escolas privadas, 12,7%.
Outros dados que chamam a atenção são sobre o bem-estar dos estudantes ao realizar avaliações. Entre as turmas do 2o, 18,2% dos estudantes não se sentem bem ao realizar uma prova escrita e de leitura. Curiosamente, esses números são maiores nas escolas privadas em que 31,9% dos estudantes não se sentem confortáveis ao realizar uma prova escrita e 26,4% não se sentem bem ao realizar uma prova de leitura. Dito isto, há diferenças marcantes por gênero e raça envolvendo esse desconforto em ambas redes de ensino. Analisando somente o público masculino, destacasse 20,5% para a prova de escrita e 16,6% para a prova de leitura. Já no caso do público feminino 16% relatam o mal estar para a prova escrita e 19,7% para a prova de leitura.
Esses dados geram inseguranças e preocupações sobre como se encontra a alfabetização no Brasil, o que abre portas para a discussão de outros dados interessantes coletados pelo Equidade.info, como o fato de 36,9% dos estudantes brasileiros do 2o possuírem algum tipo de insegurança para ler algum texto em voz alta na sala de aula. Ao fazer um detalhamento por gênero, 39,5% do público feminino assume ter essa insegurança, enquanto 34,1% do público masculino sente o mesmo.
A história desses dados apresenta a realidade de uma educação pública que precisa ser discutida de maneira eficiente para que alunos como Valentina, sejam poupados dos desconfortos gerados pela falta de uma alfabetização de qualidade. É necessário o desenvolvimento de políticas públicas educacionais que proporcionem metodologias de ensino baseadas na equidade, visando a garantia da autoconfiança na vida dos estudantes.
*Atenção: A história, todos os nomes e personagens retratados nesta produção são fictícios. Nenhuma identificação com pessoas reais (vivas ou falecidas) é intencional ou deve ser inferida.