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Clima Escolar e Diversidade: A Minha Identidade Está Comigo Dentro Da Sala De Aula?

Pesquisa realizada pelo Equidade.info apresenta a perspectiva dos estudantes Brasileiros do ensino médio público sobre representatividade docente no ambiente escolar.

Escrito por Felipe Soares

12:00 - 18 de Outubro de 2024

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Fonte: Chico Bezerra

O Brasil é conhecido por abrigar uma diversidade racial e étnica expressada por populações de diferentes origens, experiências e narrativas que estão espalhadas nas cidades e zonas rurais do país. Em um território com tantas pluralidades, questionar a diversidade no ambiente escolar se torna uma tarefa fundamental para a garantia do bem estar dos estudantes do maior país da América Latina. Uma pesquisa inédita realizada em setembro de 2023 pelo Equidade.info nos estados do Mato Grosso do Sul, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul destacou o que pensam os estudantes Brasileiros sobre o tópico diversidade dentro da escola.

Para entender melhor os resultados dessa pesquisa, hoje conheceremos a trajetória de Raimundo, um jovem de baixa renda do Estado do Pará que está ingressando no primeiro ano do ensino médio em uma escola pública de Belém. Raimundo passou a enfrentar alguns desafios na sua vida estudantil após a sua família deixar a comunidade Ribeirinha em que viviam no interior do estado para buscar melhores condições de vida na capital Belém. O primeiro impacto do estudante ocorreu quando conheceu os seus novos professores, que diferente dele, tinham pele branca. Isso foi um fator que influenciou diretamente com que o estudante sentisse um sentimento de não pertencimento àquele ambiente.

O sentimento de Raimundo reflete os 43,5% de estudantes do ensino médio que discordam ao serem perguntados se sentem representados pelos professores de suas escolas. Entre os estudantes autodeclarados pretos, 55.75%, enquanto alunos de pele parda 49.10% contra 26.58% de jovens de pele branca. Ao realizar a análise desses dados por gênero, temos um percentual de 45.31% de indivíduos do gênero feminino e 41.82%do gênero masculino que discordam totalmente dessa pergunta.

Comparando esses resultados com dados recolhidos pelo Equidade.info com estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental, temos uma certa diminuição nesse percentual com 23.64% de estudantes que discordam da pergunta. Isso significa que o maior nível de discordância está no ensino médio, pois é a etapa em que os estudantes mais costumam se deslocar em busca de um ensino de melhor qualidade, como o caso de Raimundo.

A história desses dados reflete uma realidade comprometida pela desigualdade social que impede com que as populações mais vulneráveis ocupem espaços de liderança no campo educacional. Esse problema afetou diretamente a vida de Raimundo, e continua afetando a vida de milhões de estudantes brasileiros. A falta de representatividade gera insegurança e pode reforçar estereótipos, uma vez que contribui para que os alunos não se reconheçam no ambiente escolar. Por isso, o debate sobre diversidade na escola pode começar por discussões que incluam o bem estar dos estudantes para garantir com que estes, sintam-se representados e confortáveis para expressar as suas pluralidades.

*Atenção: Todos os nomes e personagens retratados nesta produção são fictícios. Nenhuma identificação com pessoas reais (vivas ou falecidas) é intencional ou deve ser inferida.