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Desigualdade de Sonhos: Diferenças de Expectativas Entre Alunos de Escolas Públicas e Escolas Privadas

Pesquisa inédita realizada pelo Equidade.info revela como desigualdades educacionais moldam expectativas sobre futuros possíveis para jovens brasileiros

Escrito por Nathaly Shige

15:00 - 06 de Agosto de 2024

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Foto: freepik.com

Em agosto de 2023, a equipe do Equidade.info conduziu uma pesquisa abrangente sobre as expectativas e preocupações dos jovens em escolas representativas do Ensino Básico brasileiro, nos estados do Pará (PA), Mato Grosso do Sul (MS), Rio de Janeiro (RJ), Rio Grande do Norte (RN) e Rio Grande do Sul (RS). A pesquisa envolveu tanto escolas públicas quanto privadas, revelando disparidades significativas entre os estudantes dessas redes.

Vamos conhecer a história de Joana, uma aluna do ensino público no Rio de Janeiro. Joana, aos 16 anos, sonha em ser médica, mas a vida lhe impõe desafios diários. Enquanto ela vê amigos desistindo da escola para ajudar financeiramente em casa, ela se pergunta se seu sonho algum dia se tornará realidade. Esta narrativa pessoal reflete uma situação comum a muitos jovens brasileiros que enfrentam barreiras significativas em sua jornada educacional.

Os dados coletados revelam uma diferença substancial nas expectativas futuras entre os alunos de escolas públicas e privadas. Enquanto 35% dos alunos de escolas privadas acreditam que continuarão apenas estudando após a conclusão do Ensino Médio, apenas 27% dos alunos de escolas públicas compartilham essa visão. A diferença mais marcante é vista na decisão de abandonar os estudos para trabalhar, onde 5% dos alunos de escolas públicas consideram essa possibilidade, contra apenas 1% dos alunos de escolas privadas. Esta estatística pode ser atribuída à pressão financeira que muitos estudantes de escolas públicas enfrentam para ajudar economicamente a família já no curto prazo.

De fato, as condições financeiras das famílias dos estudantes são uma fonte constante de preocupação. Os dados mostram que 15% dos alunos de escolas públicas estão sempre preocupados com a situação financeira de sua família, em comparação com apenas 5% dos alunos de escolas privadas. Isso sugere que a estabilidade financeira desempenha um papel crucial na percepção de futuro e no desempenho acadêmico dos estudantes.

Quando questionados sobre o grau de escolaridade mais elevado que gostariam de alcançar, a maioria dos estudantes de ambos os tipos de escolas almeja uma graduação ou ensino superior (51% em escolas públicas e 58% em privadas). No entanto, é preocupante que 2% dos alunos de escolas públicas se contentam com concluir apenas o Ensino Fundamental, uma aspiração inexistente entre os alunos de escolas privadas. Além disso, a ambição de alcançar uma pós-graduação é maior entre os alunos de escolas privadas (28%) do que entre aqueles de escolas públicas (22%).

A confiança na conclusão do Ensino Médio também diverge significativamente. Enquanto 46% dos alunos de escolas privadas acreditam que entre 7 a 9 de seus colegas concluirão essa etapa do ensino médio com sucesso, apenas 34% dos alunos de escolas públicas compartilham dessa expectativa. A crença de que todos os colegas concluirão o ensino médio é maior entre os alunos de escolas privadas (39%) em comparação com os de escolas públicas (29%).

Os dados refletem disparidades claras entre os alunos das redes pública e privada, ressaltando a influência das condições socioeconômicas nas expectativas dos jovens brasileiros. É essencial que políticas públicas e iniciativas privadas se concentrem em reduzir essas desigualdades, promovendo maior suporte financeiro e acadêmico aos alunos de escolas públicas.

Para Joana e muitos outros jovens, as barreiras são imensas, mas não intransponíveis. Investir em programas de apoio, bolsas de estudo e mentoria pode ajudar a nivelar o campo de jogo, oferecendo a esses jovens a chance de perseguir seus sonhos e construir um futuro melhor.

A discussão sobre equidade na educação deve buscar soluções que garantam que todos os jovens tenham as mesmas oportunidades de sucesso, independentemente de seu nível socioeconômico. Jogar luz sobre essas disparidades no debate público é o primeiro passo para a construção de um sistema educacional mais justo e inclusivo.

*Atenção: Todos os nomes e personagens retratados nesta produção são fictícios. Nenhuma identificação com pessoas reais (vivas ou falecidas) é intencional ou deve ser inferida.