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Entre Teclas e Preconceitos: Dissecando Disparidades nas Experiências Online de Estudantes

Explorando disparidades nas experiências online, dados revelam que plataformas virtuais impactam a vida acadêmica e pessoal dos estudantes, destacando a urgência de ações para criar ambientes seguros e inclusivos.

Escrito por Nathaly Shige

15:46 - 05 de Março de 2024

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Foto: freepik.com

No vasto universo virtual, onde as conexões acontecem entre teclas e telas, a história de Maria, uma estudante dedicada do ensino médio, destaca os impactos avassaladores da violência online. Maria, inicialmente vítima de discursos discriminatórios em fóruns e plataformas, viu sua vida pessoal sofrer consequências profundas. Os ataques online não ficaram restritos ao ambiente virtual, infiltrando-se em sua vida escolar, minando sua autoestima, isolando-a socialmente, prejudicando seu desempenho acadêmico e comprometendo sua saúde mental.

Em pesquisa realizada pelo Equidade.Info entre junho e julho de 2023 que contou com participação de escolas nos estados do Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte e Pará, dados revelam que 40% dos estudantes participantes acessam plataformas online, como Roblox, Discord, Twitter ou Reddit e cerca de 42% conhecem colegas que acessam esses espaços. No entanto, este não é o maior ponto de atenção. A problemática se encontra quando, destes alunos, 32% tiveram contato com discursos discriminatórios e 30% conhecem estudantes que foram expostos à violência online.

A história de Maria lança luz sobre a complexidade desses números. Se por um lado as plataformas online proporcionam oportunidades de socialização, por outro, elas também abrigam um ambiente propício à disseminação de discursos prejudiciais. A exposição de Maria à violência online não apenas afetou sua autoestima, mas reverberou nas relações presenciais, destacando a necessidade de compreender as implicações psicológicas e sociais dessas experiências.

Analisando as diferenças entre escolas públicas e privadas, nota-se que, embora 37% dos estudantes de escolas públicas acessem plataformas online, esse número é superado significativamente pelos 59% dos estudantes de escolas privadas. A disparidade reflete-se também na exposição à violência, com 24% dos estudantes de escolas públicas relatando terem acessado discursos discriminatórios, contra 10% das escolas privadas. Esses dados alarmantes refletem a disparidade de acesso à internet e plataformas online entre alunos de instituições privadas e públicas e, não somente, também ressalta a diferença alarmante entre reincidência de agressão e violência online em diferentes públicos. Se por um lado, alunos de escolas privadas possuem maior acesso à internet, o contato com violência online é maior para alunos de escolas públicas.

À medida que investigamos os dados mais aprofundadamente, notamos que o problema se torna ainda mais evidente quando analisamos os resultados para grupos minoritários. Para meninas negras atualmente fazendo o ensino médio em instituições públicas, o contato com violência digital aumenta para 46%. Não apenas, elas também lidam com maior índice de violência ao seu redor, visto que 60% conhecem colegas que já sofreram algum tipo de discriminação ou violência online.

Esses resultados destacam a necessidade de uma abordagem diferenciada em cada contexto educacional. As escolas, em parceria com educadores e pais, devem criar estratégias específicas para lidar com as nuances das experiências online dos estudantes, promovendo um ambiente seguro e inclusivo para todos. A história de Maria é uma chamada à ação, destacando que por trás dos números, há vidas impactadas de maneiras profundas e multifacetadas.

A interconexão entre as experiências online dos estudantes e as disparidades existentes entre raças, gênero, escolas e etapas de ensino requer uma abordagem holística. É crucial que educadores, pais e a sociedade em geral estejam cientes dessas disparidades para implementar estratégias eficazes de prevenção e apoio, visando criar um ambiente online seguro e inclusivo para todos os estudantes. O desafio é coletivo, e a conscientização é o primeiro passo rumo a uma rede digital que promova a diversidade, o respeito e a empatia.

*Atenção: Todos os nomes e personagens retratados nesta produção são fictícios. Nenhuma identificação com pessoas reais (vivas ou falecidas) é intencional ou deve ser inferida.