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Os Estudantes Brasileiros Confiam na Escola?

O Equidade.info revela como fatores como raça, gênero e tipo de instituição de ensino influenciam a percepção dos estudantes sobre a confiabilidade do ambiente escolar

Escrito por Felipe Soares

16:30 - 28 de Fevereiro de 2025

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Foto: Sérgio Barzaghi / Governo do Estado SP

Confiar na escola – nos laços de cada estudante com seus colegas, professores e corpo de funcionários da instituição – é um fator essencial para a aprendizagem. Conforme discutido por Antônio Gois em matéria publicada no O Globo (2016), entender a escola como um ambiente seguro e confiável encoraja um melhor desempenho acadêmico.

No entanto, fatores sociais e estruturais podem limitar a percepção dos estudantes sobre a confiabilidade do ambiente escolar. Marcela, aluna de Ensino Médio da rede pública de Florianópolis, afirma que sua escola está longe de ser um ambiente seguro e confiável para as meninas, o que a impede de se sentir completamente à vontade no ambiente escolar. Será que a história de Marcela é típica da educação brasileira?

O Equidade.info investigou essa questão através de uma pesquisa realizada entre março e abril de 2024, com uma amostra representativa de estudantes do Ensino Médio nos 26 Estados brasileiros e no Distrito Federal. No total, 683 estudantes foram questionados sobre a confiança na escola.

Os resultados apontam que 72,3% dos estudantes de Ensino Médio brasileiros confiam na escola, 5,2% não confiam e 21,9% nem um nem outro (os 0,6% restantes tinham mudado recentemente de escola e não podiam responder essa pergunta).

Os resultados por tipo de instituição, raça/cor e gênero revelam disparidades preocupantes. Estudantes de instituições públicas percebem na escola um ambiente menos confiável que aqueles de escolas particulares (71,2% vs. 79,6%). Para além de diferenças entre instituições, alunos de diferentes perfis avaliam seus laços com a escola de maneira diferente. Estudantes negros confiam menos na escola que estudantes brancos (70,8% vs. 75,2%). Por fim, assim como Marcela, as meninas tendem a confiar significativamente menos na escola que os meninos (68,8% vs. 76,2%).

Essas diferenças levantam inúmeras perguntas. Será que um ambiente de desconfiança reflete em parte diferenças estruturais e de recursos entre instituições? Será que problemas como assédio e violência de gênero no ambiente escolar têm relação com esses padrões?

Compreender que fatores influenciam a confiança dos estudantes na escola é importante para a construção de ambientes de aprendizagem mais seguros, acolhedores e equitativos. Casos como o de Marcela evidenciam que a escola, para muitos estudantes, ainda não representa um espaço de segurança psicológica. Esforços capazes de identificar essas desigualdades e buscar caminhos para endereçá-las podem contribuir para um sistema educacional mais justo e acessível a todos.

*Atenção: A história, todos os nomes e personagens retratados nesta produção são fictícios. Nenhuma identificação com pessoas reais (vivas ou falecidas) é intencional ou deve ser inferida.