Rodrigo Megale, um dedicado economista formado pela USP, tem uma trajetória marcada pelo desejo de entender e combater as desigualdades educacionais no Brasil. Desde cedo, ainda como estagiário de pesquisa no Centro de Políticas Públicas do Insper, ele percebeu a importância de gerar dados que possam embasar políticas públicas eficazes. Sua experiência foi aprofundada durante seu mestrado e atuação como Pesquisador no Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (LEPES - USP), onde ele focou em entender a transição da escola para o mercado de trabalho. "O Equidade.Info surgiu para mim como uma oportunidade única de contribuir com dados educacionais de alta qualidade que realmente possam provocar mudanças nas políticas públicas brasileiras", conta Rodrigo.

Rodrigo é o coordenador regional do Equidade.Info para os Estados da região Sul do Brasil. Ele destaca que a região é notoriamente conhecida por apresentar os maiores níveis de proficiência educacional no país, mas também enfrenta desafios significativos, especialmente no que tange às desigualdades raciais. "Um exemplo claro disso foi durante uma onda de coleta de dados do Equidade.Info, realizada em abril e maio de 2024, onde aplicamos um teste de leitura de tirinhas para estudantes do ensino fundamental I", explica Rodrigo. Segundo a BNCC, a leitura e interpretação de tirinhas devem ser desenvolvidas até o 2º ano do Ensino Fundamental, e a região Sul apresentou o maior percentual de acertos, com aproximadamente 33% dos estudantes interpretando corretamente a tirinha. No entanto, quando os dados são desagregados por raça/cor, a desigualdade torna-se evidente: "Entre estudantes brancos e amarelos, o percentual de acertos foi de 40%, enquanto entre estudantes pretos, pardos ou indígenas, esse número caiu para 24%". Esses dados ressaltam a necessidade urgente de políticas e práticas educacionais mais inclusivas na região.

Jônatas Ribeiro é um exemplo de dedicação e resiliência na luta contra as desigualdades sociais e econômicas no Brasil. Mestre em Economia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Jônatas encontrou sua vocação no estudo das desigualdades desde a graduação. Durante seu tempo na UFF, ele se aprofundou no impacto das desigualdades através de sua participação no Centro de Estudos sobre Desigualdade e Desenvolvimento (CEDE-UFF-UFRJ), onde desenvolveu sua dissertação sobre o programa Jovem Aprendiz e seu papel na redução da criminalidade violenta entre jovens. "Acredito que políticas como o Jovem Aprendiz têm um potencial enorme para mudar a trajetória de vida dos jovens mais vulneráveis", afirma.

Ao lado de Rodrigo Megale, Jônatas é coordenador de Pesquisa do Equidade.info, além de ser o coordenador da Região Sudeste. Seu trabalho é impulsionado por duas áreas de interesse específicas: o início e o fim do ciclo educacional básico. "Esses dois momentos são cruciais para combater as desigualdades socioeconômicas no Brasil. Uma educação infantil de qualidade pode transformar a vida de uma criança, criando habilidades cognitivas e não-cognitivas que a acompanharão por toda a vida. Isso, por sua vez, pode impactar positivamente sua transição para o mercado de trabalho mais adiante", explica.

A Região Sudeste, onde Jônatas atua, é rica, mas também marcada por desigualdades gritantes. Ele destaca que essa desigualdade cria uma população vulnerável, muitas vezes refém do crime organizado. "O legado do Equidade.Info na região será identificar profundamente, através dos dados, as raízes dessas desigualdades e as privações que a população vulnerável enfrenta ao longo de sua vida escolar ou pela falta dela", afirma Jônatas, reforçando a missão de sua equipe em transformar a realidade através do conhecimento e da análise crítica dos dados.

Daniel De Menezes, coordenador da Região Norte do Equidade.Info, compartilha com entusiasmo os desafios e as vitórias de trabalhar em uma das regiões mais complexas do Brasil em termos educacionais. Como nortista, ele sente uma conexão profunda com a região e vê no Equidade.Info uma oportunidade única de trazer à tona as realidades muitas vezes ignoradas do Norte.

Daniel destaca a vastidão geográfica da região como um dos principais desafios para a implementação de políticas educacionais eficazes. "O tamanho da região impacta diretamente na qualidade do ensino, especialmente quando comparamos a capital com o interior", explica. A logística de levar educação de qualidade para áreas remotas é uma barreira constante. "Não temos tanto investimento financeiro quanto outras regiões, e isso se reflete na educação."

Ainda assim, Daniel enxerga no Equidade.Info uma ferramenta poderosa para mudar essa realidade. Ele acredita que o projeto está "colocando uma lupa em vários dados que não teríamos acesso se não fosse por iniciativas como essa". A falta de atenção histórica aos dados educacionais na região Norte é algo que o preocupa, mas também o motiva. "Acho que o Equidade.Info veio clarear muitas coisas nos estados, especialmente para nós, nortistas."

Por fim, Daniel enfatiza a importância de incluir a Região Norte no debate educacional nacional. "O Equidade.Info busca criar uma conexão entre todo o Brasil, sem excluir o Norte ou o Nordeste. Estamos trazendo à tona as dificuldades redobradas que enfrentamos aqui e buscando soluções." Para ele, o Equidade.Info é uma forma de garantir que a educação na Região Norte seja tratada com a mesma seriedade que em qualquer outra parte do país. "Se conseguirmos mudar a vida de algumas pessoas no futuro, especialmente da nossa região, já vou ficar muito feliz", conclui.

Mavigson Silva, economista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), traz uma história de resiliência e dedicação que reflete seu profundo compromisso com a educação no Brasil. Com uma trajetória marcada por experiências em projetos de grande escala, Mavigson hoje se destaca como coordenador da região Nordeste no Equidade.Info, uma iniciativa que visa gerar dados de alta frequência sobre a educação básica no país. Sua jornada é um exemplo de como a educação pode transformar vidas e servir de alicerce para a construção de um futuro mais justo e inclusivo.

Desde cedo, Mavigson enfrentou desafios significativos em sua vida escolar. "Estudei a minha vida toda em escolas públicas e sou fruto de uma educação muito precária. Durante quase todo o meu processo de escolarização básica, sofri com greves frequentes, reprovações e abandono escolar," relembra. Vindo de uma família numerosa e de pais com pouca escolaridade, ele experimentou em primeira mão os impactos das desigualdades educacionais. "Sou o primeiro da família a ingressar em uma universidade pública e o primeiro a obter um mestrado," conta com orgulho.

Apesar dos obstáculos, Mavigson encontrou forças para superar as dificuldades e buscar uma educação formal. Sua experiência como aluno em uma Escola de Jovens e Adultos (EJA) foi um divisor de águas. "Se a educação estadual regular já era péssima, o ensino não regular era ainda pior. Imagine aglutinar todo o ensino médio em apenas um ano," descreve. Foi nesse ambiente adverso que ele começou a compreender a importância de políticas educacionais inclusivas e a necessidade de uma abordagem diferenciada para enfrentar as desigualdades.

"A minha formação e experiências anteriores influenciam profundamente minha abordagem na coordenação da pesquisa educacional no Equidade.Info," afirma. Para ele, a combinação de pesquisa aplicada e desenvolvimento de projetos é essencial para fornecer dados valiosos que orientem a criação de políticas educacionais eficazes. "Minha carreira como coordenador sempre esteve ligada à viabilização de pesquisas, e essa experiência é crucial para a coordenação de uma pesquisa educacional tão abrangente como a do Equidade.Info."

Bianca Ferreira, coordenadora da região Centro-Oeste, tem uma trajetória profissional que combina formação em Direito com uma paixão profunda pela educação. Egressa do Ensina Brasil, que faz parte da rede global Teach for All, Bianca teve a oportunidade de vivenciar a realidade das escolas, tanto como professora quanto na gestão pedagógica. Essa experiência inicial foi transformadora, pois a fez perceber a importância de melhorar a qualidade das informações sobre as escolas, algo essencial para a elaboração de políticas públicas mais efetivas e baseadas em evidências.

Bianca se destaca por sua capacidade de adaptação a diferentes contextos, algo essencial para seu trabalho no Equidade.Info. Ela atua em regiões com realidades educacionais muito distintas, como o Centro-Oeste e o estado do Pará, onde a diversidade cultural e as especificidades locais exigem uma abordagem sensível e adaptada. Em Dourados, Mato Grosso do Sul, por exemplo, Bianca e sua equipe enfrentaram o desafio de coletar dados em escolas indígenas que atendem alunos de diversas etnias, cada uma com sua própria língua e organização social. "Passamos por inúmeras discussões e adaptações para entender como coletar dados da maneira mais efetiva possível nesses locais", explica. Essa experiência levou à incorporação da noção de multi-identificação étnico-racial nos questionários do projeto, além de um esforço contínuo para simplificar a linguagem e garantir que todos os entrevistados compreendam plenamente as perguntas.

Uma das estratégias de Bianca para garantir que os dados coletados tenham um impacto real é compartilhar relatórios situacionais com os gestores das escolas parceiras. Esses relatórios, elaborados a cada bimestre, apresentam a percepção de alunos, professores e gestores sobre aspectos investigados nas entrevistas, comparando essas percepções com as observadas em nível estadual e nacional. "A ideia é que os relatórios possam ser utilizados como ferramenta de reflexão dentro da comunidade escolar", explica Bianca. Além disso, ela promove encontros periódicos com gestores de todo o país para discutir a importância dos dados educacionais. O último desses encontros contou com a presença de Jana Barros, que falou sobre a importância dos dados humanizados na educação.

“As histórias de Rodrigo Megale, Jônatas Ribeiro, Daniel De Menezes, Mavigson Silva e Bianca Ferreira humanizam os esforços por trás dos números que o canal de escuta do Equidade.Info desinvibiliza. Também ilustram os inúmeros desafios que a pesquisa precisa superar a cada onda para entender e as disparidades no sistema educacional brasileiro, coletando dados diretamente no chão de escolas de todo o país”, destaca Bruno Gomes, Diretor Executivo do Equidade.info.

“Ao dedicar suas habilidades e experiências para enfrentar as desigualdades regionais e melhorar a qualidade da educação, esses coordenadores não apenas geram dados valiosos, mas também inspiram uma visão mais justa e igualitária para o futuro da educação no país. O trabalho do Equidade.Info vai além dos números e relatórios; reflete um esforço que é parte de um contínuo de ações para garantir que cada criança e jovem brasileiro tenha acesso a uma educação de qualidade, independentemente de onde vivam”, complementa.