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Matemática, ansiedade e o futuro: o que os estudantes brasileiros pensam sobre a disciplina?
Pesquisa inédita do Equidade.info revela que, apesar de reconhecerem a importância da matemática para o futuro, muitos estudantes ainda enfrentam ansiedade, insegurança e sentem que a disciplina não conversa com sua realidade.
Escrito por Felipe Soares
17:00 - 25 de Abril de 2025

Fonte: Equidade.info / OpenAI
A matemática está por toda parte — das contas do mercado às decisões sobre o futuro. Mas, para muitos estudantes, essa presença é sentida com medo, não com entusiasmo. Entre setembro e outubro de 2024, o Equidade.info ouviu 3.183 estudantes do Ensino Fundamental e Médio, de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal, para entender como se sentem em relação à disciplina. A pergunta era simples: “Você concorda com as seguintes afirmações sobre matemática?” — com quatro opções de resposta: não concordo, mais ou menos, concordo e não sei.
Lucas, 14 anos, estuda em uma escola pública no interior do Ceará. Seu sonho é ser arquiteto, mas a matemática parece sempre mais uma barreira do que uma ponte. “Quando a aula começa, meu coração acelera. É como se eu tivesse que provar que sou inteligente o tempo todo.” A experiência de Lucas não é exceção. Segundo a pesquisa, 38% dos estudantes afirmam sentir nervosismo ou ansiedade em relação à matemática — um dado que se repete quase igualmente entre todas as etapas de ensino. No Ensino Médio, por exemplo, 38,3% dizem sentir essa ansiedade, e entre os alunos do Fundamental 1 e 2, a proporção é semelhante (38,6% e 36%).
Esse medo, muitas vezes, vem acompanhado de uma crença limitadora: matemática é só para pessoas inteligentes. Quase um quarto dos estudantes (considerando todas as etapas de ensino: 22,9%) concorda com essa afirmação, enquanto outros 12% dizem mais ou menos. Isso significa que mais de um terço dos jovens ainda vê a matemática como algo reservado para “mentes brilhantes” — uma visão que contribui para insegurança, bloqueios e baixa autoestima.
No entanto, a maioria enxerga valor na disciplina: 92,2% dos estudantes em geral concordam que a matemática é importante para o futuro. Esse consenso é forte desde os anos iniciais até o Ensino Médio, onde, mesmo com maior pressão e desafios, 87,5% mantêm essa percepção. Ou seja, os estudantes não rejeitam a matemática — eles reconhecem sua importância, mas lutam com a forma como ela chega até eles.
A chave pode estar na metodologia. Quando perguntados se aprenderiam mais matemática caso ela fosse ensinada de forma mais divertida, 64,5% dos estudantes em geral responderam que sim. Esse número sobe para 70% entre os alunos do Ensino Médio. A mensagem é clara: os jovens querem aprender, mas precisam se sentir parte da experiência — e não apenas espectadores de fórmulas e provas.
Lucas lembra com brilho nos olhos de um dia em que sua professora propôs um desafio de calcular áreas usando mapas da escola. “Ali, eu entendi. Eu participei. E pela primeira vez, achei que matemática tinha a ver comigo.” A transformação não veio do conteúdo em si, mas da forma como ele foi apresentado.
Ao contar histórias como a de Lucas, os dados deixam de ser apenas números e se tornam sinais de alerta. Se queremos formar estudantes críticos, confiantes e preparados para o futuro, precisamos olhar para a matemática não como um obstáculo, mas como uma oportunidade. Uma oportunidade de construir pontes — e não muros.
*Atenção: A história, todos os nomes e personagens retratados nesta produção são fictícios. Nenhuma identificação com pessoas reais (vivas ou falecidas) é intencional ou deve ser inferida.