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Os hábitos culturais dos estudantes brasileiros revelam um país que ainda distancia seus jovens da arte e da cultura
Pesquisa do Equidade.info revela que a maioria dos alunos do Ensino Fundamental e Médio não participa de atividades culturais, escancarando barreiras de acesso à arte e à formação cidadã no Brasil.
Escrito por Felipe Soares
14:00 - 14 de Abril de 2025

Foto: Priscila Silva/Divulgação.
A escola é, ou deveria ser, um dos principais caminhos para a formação cultural dos estudantes. No entanto, os dados mostram que muitos jovens brasileiros estão crescendo sem acesso ou estímulo a atividades culturais básicas – como ir ao cinema, visitar um museu ou participar de eventos culturais. O Equidade.info investigou essa realidade em uma pesquisa nacional conduzida entre junho e agosto de 2024, ouvindo 3376 estudantes do Ensino Fundamental e Médio de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal.
Maria, de 13 anos, é estudante do Ensino Fundamental em uma escola pública no interior de Mato Grosso. Nunca foi ao cinema, nem conhece um museu. Os eventos culturais da região, que seus avós frequentavam, hoje quase não chegam à escola. Seus dias são divididos entre aulas, tarefas de casa e ajudar a mãe. Para ela, cultura é algo distante — quase um luxo. A história de Maria se repete por todo o Brasil, como mostram os dados do Equidade.info.
A pergunta é: “Nos últimos doze meses, você participou de algumas das seguintes atividades?”, com as opções de resposta “sim” ou “não”. As respostas, no entanto, revelam um cenário preocupante: a maioria dos estudantes não vai ao cinema (77,7%), não visita museus (82,8%) e não participa de festas folclóricas ou manifestações de cultura popular (53,6%). Quando observamos os dados por nível de ensino, os números permanecem igualmente altos. Entre estudantes do Ensino Médio, 79,9% afirmam que não foram ao cinema no último ano. No Ensino Fundamental II, 79,7% também respondem negativamente. Até mesmo entre os mais novos, no Fundamental I, a frequência ao cinema continua baixíssima: apenas 23,5% dizem ter ido.
Esses dados levantam uma pergunta urgente: como estamos formando cidadãos críticos e criativos se a maioria de nossos jovens sequer tem acesso a experiências culturais básicas?
A ausência da cultura no cotidiano estudantil pode refletir desigualdades estruturais profundas: falta de recursos nas escolas, ausência de políticas públicas de acesso, desvalorização da cultura popular e elitização de espaços culturais. A arte, que deveria ser um direito de todos, acaba sendo privilégio de poucos. Ao deixar de investir em cultura, o país negligencia um dos pilares da educação integral: o estímulo à imaginação, à sensibilidade e à construção da identidade.
Mais do que números, os dados revelam uma urgência — a mesma que se vê na rotina de Maria. Sua realidade, marcada pela ausência de acesso cultural, é o retrato vivo do que os números denunciam. Garantir o acesso à cultura não é um luxo – é um passo essencial para formar estudantes mais conectados com sua história, mais abertos ao outro e mais preparados para transformar o mundo.
*Atenção: Todos os nomes e personagens retratados nesta produção são fictícios. Nenhuma identificação com pessoas reais (vivas ou falecidas) é intencional ou deve ser inferida.