Do coração de Belém para o mundo, a trajetória do casal Marcelo Diniz e Márcia Jucá Teixeira Diniz reflete um compromisso inabalável com a Amazônia e com o poder transformador da educação baseada em evidências. Professores, pesquisadores, mentores e referências na área de economia e desenvolvimento regional, eles estão entre as mentes por trás do Equidade.info, trabalhando com o uso inteligente de dados para mudar o futuro da educação no Brasil.

Marcelo é filho da Amazônia. Já Márcia, embora nascida no Ceará, se tornou filha adotiva da região — movida por um profundo compromisso com a realidade local e com as lutas do território. Com trajetórias acadêmicas sólidas e complementares, ambos são professores na UFPA. Ele é formado em Economia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), com mestrado e doutorado em Economia pela CAEN-UFC, e pós-doutorado pela University of Florida, onde integrou o Centro de Estudos Latino-Americanos com foco na realidade amazônica. Ela é graduada em Economia pela Universidade de Fortaleza (1986), com mestrado também pelo CAEN-UFC e doutorado em Desenvolvimento Sustentável pelo NAEA/UFPA, além de pós-doutorado na University of Florida (2014–2015).

Mas o impacto do casal vai muito além das salas de aula e dos artigos científicos. Foi por meio de um aluno, Rafael — então mestrando na UFPA — que Marcelo e Márcia conheceram o Instituto Equidade.info. Rafael se mudou para o doutorado em Pernambuco, o que criou a ponte com Márcia. A partir dessa conexão, os dois se engajaram conjuntamente no projeto como supervisores no estado do Pará, em especial na cidade de Belém. O convite veio, e, com paixão pela Amazônia e olhares atentos à realidade local, eles assumiram a missão com seriedade e compromisso. Foram alguns dos primeiros a embarcar nos primeiros levantamentos do Equidade.Info. E não vieram sozinhos: trouxeram consigo o talento do pesquisador Jean Carlos — bolsista do projeto, e já conhecido da comunidade por sua história inspiradora. Marcelo reconhece: “Jean é um ótimo estudante. Seu trabalho é essencial para conectar o Equidade comigo.”

Desde então, o casal tem sido uma presença constante. Participaram da primeira Conferência do Equidade.Info, apresentando um projeto que buscava entender a vulnerabilidade dos estudantes amazônidas a partir dos dados educacionais. Além disso, acompanharam remotamente a conferência do Equidade realizada em Stanford, reforçando, mesmo à distância, a urgência de se pensar políticas públicas com base na realidade da Amazônia.

Em entrevista, Marcelo compartilhou sua visão sobre o impacto do projeto:

“Hoje, é possível cruzar os dados do Equidade com os censos escolares e produzir análises que antes simplesmente não existiam.”

Sua análise da educação na Amazônia é clara e direta: os indicadores do Norte e do Nordeste seguem entre os mais baixos do país, revelando um problema estrutural profundo. No Pará, por exemplo, os resultados no IDEB mostram um sistema que precisa de atenção urgente. Mas, para Marcelo, o maior desafio talvez seja invisível: a desmotivação.

“Hoje, a educação parece ter perdido seu valor simbólico. A sociedade precisa voltar a enxergar o estudo como um caminho. Precisamos reconstruir a cultura do aprender, garantindo que ela faça sentido na vida de todos os estudantes, independentemente das suas classes sociais.”

E é exatamente aí que o Equidade.info entra. Ao lado de professores, bolsistas e especialistas, Marcelo e Márcia acreditam que a educação só será verdadeiramente transformadora quando atravessar o cotidiano do estudante. Quando for relevante. Quando tocar o real. Os dados do Equidade.Info, afirma Marcelo, são um instrumento poderoso para isso — mas precisam estar nas mãos certas.

Sua mensagem final é um chamado à responsabilidade:

“Toda pesquisa precisa entregar valor à sociedade. Os dados importam. Mas precisamos também de bons gestores, comprometidos com a transformação. A sociedade tem que cobrar. E o Equidade.Info tem um papel essencial para garantir que essa cobrança seja feita com inteligência, com estratégia, com verdade.”

Marcelo e Márcia nos lembram que a Amazônia não precisa apenas de mais estudos — ela precisa de escuta, de coragem e de ação. E no Equidade.Info, encontraram uma comunidade que compartilha da mesma missão: transformar a educação a partir da raiz.