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Qual a Sensação dos Estudantes Sobre a Segurança no Ambiente Escolar?
Pesquisa inédita realizada pelo Equidade.info documenta as experiências dos estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental com a violência no ambiente escolar.
Escrito por Felipe Soares
10:30 - 04 de Novembro de 2024

Fonte: Adriana Corrêa/Agência Senado
O bullying e os episódios de violência nas escolas representam uma séria ameaça ao direito à educação de todos os estudantes brasileiros. Esses problemas geram uma sensação de insegurança dentro e fora da sala de aula, criando um desafio diário não apenas para os alunos vítimas dessas agressões, mas também para professores e gestores que defendem a promoção do bem-estar dos estudantes.
Em setembro de 2023, o Equidade.info conduziu uma pesquisa nos estados de Mato Grosso do Sul, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul, trazendo dados significativos sobre a violência entre estudantes dos primeiros anos do Ensino Fundamental. Para ilustrar a dimensão desses números, apresentamos a história de Iracema*, uma aluna indígena do Mato Grosso do Sul, que começou a sofrer bullying ao ingressar no 2º ano do Ensino Fundamental. Iracema relatou que não se sentia segura no ambiente escolar, o que estava afetando seu envolvimento e interesse pela escola.
De acordo com o levantamento, 22,7% dos estudantes brasileiros relataram terem sido vítimas de algum tipo de intimidação por colegas nos últimos 12 meses anteriores à pesquisa. Entre os alunos da rede pública, esse percentual é de 24,5%, enquanto na rede privada é de 14%. No entanto, os estudantes do Fundamental I são os mais afetados, com 26,5% relatando casos de bullying. Além disso, 13,2% dos estudantes do Ensino Médio relataram ter sofrido bullying, enquanto no Fundamental II o índice foi de 19,3%.
Abordando apenas o 2º ano do Fundamental I, a série de Iracema, o percentual de bullying nas escolas públicas chega a 29,6%, contra 17,4% nas privadas. Tanto nas instituições públicas como privadas, no Ensino Fundamental I, as meninas estão mais expostas a essa violência, com 33,7% relatando terem sido vítimas, em comparação a 19,3% dos meninos. O levantamento também mostrou que 64,7% dos estudantes indígenas e 31,5% dos alunos pretos do Ensino Fundamental I vivenciaram bullying, enquanto entre os alunos brancos esse número é igual a 22,5%.
Além disso, as diferenças entre as etapas de ensino permanecem com 29,7% dos alunos do Ensino Fundamental I afirmando que, em algumas ocasiões, não se sentem seguros na escola, em comparação com 25,2% dos alunos do Fundamental II. E nos 12 meses anteriores à pesquisa, 32,6% dos alunos do Fundamental I afirmaram faltar à escola pelo menos um dia devido à sensação de insegurança, contra 19,9% do Fundamental II.
Em meio a esses dados, é crucial destacar também a experiência dos professores. Dos entrevistados, 22,7% relataram que, ocasionalmente, se sentem seguros na escola, enquanto 5,3% afirmaram nunca se sentir seguros. Especificamente, no Ensino Fundamental I, 16,5% dos professores indicaram que, de vez em quando, se sentem seguros, e 4,2% disseram que nunca se sentem seguros. Já no Fundamental II, 23,7% relataram que, ocasionalmente, se sentem seguros, enquanto 5,9% afirmaram nunca se sentir seguros.
Esses dados evidenciam a urgência de políticas públicas eficazes para garantir um ambiente escolar seguro. É fundamental que as autoridades implementem ações que promovam a diversidade e campanhas contra o bullying, para que estudantes como Iracema se sintam acolhidos e não desengajem nas escolas. A ausência dessas medidas pode gerar consequências duradouras, como a perpetuação de preconceitos e inseguranças que acompanham os alunos e os professores ao longo da vida escolar. Além disso, é extremamente relevante analisar as nuances entre as etapas de ensino, gênero e raça, para que assim, seja possível discutir políticas públicas focadas em solucionar os desafios relacionados à proteção de forma precisa. A segurança nas escolas deve ser uma prioridade, assegurando que a experiência escolar seja positiva, afetiva e repleta de trocas construtivas e aprendizado.
*Atenção: Todos os nomes e personagens retratados nesta produção são fictícios. Nenhuma identificação com pessoas reais (vivas ou falecidas) é intencional ou deve ser inferida.