Tecnologia na Escola: O Futuro Chegou, Mas Ainda Não Para Todo Mundo

O que pensam alunos, professores e gestores sobre o uso da tecnologia em sala de aula?

Escrito por Felipe Soares

17:00 - 06 de Junho de 2025

hero-blog-image

Foto: CONIF

No interior do Maranhão, uma professora do 5º ano contou que seus alunos ficam hipnotizados quando ela usa o projetor da escola para mostrar vídeos educativos — “é como se a sala se transformasse”, disse. O problema? O projetor vive quebrado. Mesmo assim, ela insiste. Dá um jeito. Porque viu nos olhos dos seus alunos o que todo educador procura: brilho.

Entre dezembro de 2023 e março de 2024, o Equidade.info ouviu estudantes, professores e gestores de todos os estados do Brasil para entender como a tecnologia tem aparecido (ou não) no cotidiano escolar. A escuta revela um país onde a vontade de inovar é grande — mas ainda enfrenta limites concretos.

E se estudar fosse tão legal quanto jogar?

Entre os alunos do Ensino Fundamental 1, a resposta foi clara: 91,7% disseram que achariam divertido se um jogo de computador educativo os ajudasse a estudar. Apenas 8,3% discordaram.

A mensagem é simples, mas poderosa: as crianças querem aprender. Mas querem aprender de um jeito que faça sentido para elas — interativo, instigante, vivo. A tecnologia, quando bem usada, pode ser uma ponte entre o que se ensina e o que se sente.

E os professores, estão preparados para atravessar essa ponte?

Entre os professores do Ensino Fundamental 1 e 2, 97,8% afirmaram que usam tecnologia para consultar materiais ao planejar suas aulas — 54,8% fazem isso sempre, 37,1% frequentemente e apenas 1,2% disseram usar raramente. E mais: 86,3% acreditam que o uso da tecnologia no ambiente de aprendizado pode melhorar o engajamento e o desempenho dos alunos. Ou seja, os professores não só usam — eles acreditam no potencial da tecnologia para transformar.

Mas o que dizem os gestores?

A visão das lideranças escolares confirma o otimismo — e revela os obstáculos. 94% dos gestores acreditam que a tecnologia pode apoiar o aprendizado e auxiliar os professores, e 66,6% enxergam um papel para a inteligência artificial no futuro da aprendizagem em suas escolas. Mas quando olham para a realidade atual, o cenário é mais desafiador: apenas 1,2% dizem que suas escolas têm uma adoção altamente avançada de tecnologias, 51,8% consideram o uso moderadamente avançado com necessidade de melhorias, e 46,2% reconhecem que a adoção ainda é limitada.

Ou seja, mesmo onde há vontade e crença, muitas escolas ainda não têm infraestrutura para dar o próximo passo.

No fim da conversa, aquela professora do Maranhão confidenciou: “Se eu tivesse um laboratório de informática funcionando, acho que nenhum aluno meu ia querer faltar aula”. A frase dela ecoa os dados: professores querem inovar, alunos querem aprender de forma divertida, gestores acreditam no potencial da tecnologia — mas o equipamento, muitas vezes, falta. A tecnologia já provou que pode ser aliada da educação. Agora, falta fazer com que ela seja também realidade.

*Atenção: A história, todos os nomes e personagens retratados nesta produção são fictícios. Nenhuma identificação com pessoas reais (vivas ou falecidas) é intencional ou deve ser inferida.