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Valores em Conflito: Religião Cristã e as Escolas Brasileiras

Uma pesquisa inédita realizada pelo Equidade.info explora as diferentes opiniões sobre a presença de valores religiosos no ambiente escolar.

Escrito por Felipe Soares

17:00 - 14 de Janeiro de 2025

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Fonte: Katerina Holmes

A discussão sobre os valores religiosos no ambiente escolar ganhou ainda mais visibilidade no Brasil durante o governo do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. Esse debate mobilizou professores, estudantes e comunidades locais para refletirem sobre a presença de contextos pluralistas dentro das escolas. Com o objetivo de compreender a perspectiva de docentes e discentes do Ensino Médio sobre o tema, a plataforma Equidade.Info realizou, entre dezembro de 2022 e março de 2023, uma pesquisa em 17 estados brasileiros – Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O estudo revelou dados altamente relevantes sobre a imposição de valores cristãos no ambiente escolar. Os resultados mostram que essa discussão varia de acordo com gênero e tipo de instituição de ensino, além das diferenças de percepção entre estudantes e professores do Ensino Médio.

Segundo a pesquisa, existe uma resistência notável à imposição de valores cristãos nas escolas brasileiras, com 41,5% dos alunos discordando, 38,7% concordando e 19,7% permanecendo neutros. A proximidade dos números revela a complexidade do tema, dividindo os estudantes em grupos com posições divergentes. Entre os professores, que exercem significativa influência na sala de aula, a visão crítica sobre o assunto se destaca, com 51,9% discordando da adoção de valores cristãos nas escolas, 32,3% concordando e 15,6% permanecendo neutros.

A segmentação por tipo de instituição de ensino revela diferenças relevantes. Nas escolas públicas, a opinião está dividida de forma relativamente equilibrada: 41,5% discordam da afirmação, enquanto 41% concordam, e 17,4% permanecem neutros. Por outro lado, as escolas privadas apresentam uma realidade mais específica. Isso porque a maior parte das respostas se concentra na neutralidade, com 42,8% dos participantes optando por essa posição. Apenas 15,5% concordam que as escolas deveriam seguir os valores cristãos, enquanto 41,6% discordam, um número ligeiramente superior ao observado nas públicas.

Analisando esses dados por gênero, observa-se que fatores sociais e culturais podem influenciar opiniões individuais. Entre as alunas, 25,6% apoiam a presença de valores cristãos nas escolas, comparado a 51,1% entre os meninos. Já em relação à discordância, 55,9% das meninas se opõem, contrastando com 27,8% dos meninos.

Portanto, a discussão sobre a presença da religião nas escolas precisa incorporar múltiplas perspectivas e contextos educacionais, ressaltando a importância de promover debates amplos e respeitosos que reconheçam a diversidade cultural e religiosa do país. Essa abordagem ajuda a escola a se tornar um ambiente multifacetado, refletindo as narrativas de diferentes grupos étnicos e promovendo uma educação mais inclusiva.